Vocês sabem, tenho dois filhos com diferença de 7 anos, um de 14 e o outro de 6 anos. Já passei por várias situações (e ainda passo) com eles, algumas diferentes, outras muito parecidas, mas como a diferença de idade é grande, acabo esquecendo que vivi aquela fase com o Gabriel e só me dou conta que passarei por tudo aquilo novamente quando já estou imersa na situação.
Lembro-me que aos 6 anos, Gabriel achava graça ao falar de necessidades fisiológicas. Era só falar de cocô, xixi, pum e bumbum, para cair na gargalhada!
Eis que o Daniel entrou nessa fase, e não sei se me esqueci, mas tenho a sensação que fala mais que o irmão! O que me chamou atenção foi que durante uma partida de futebol com seus amigos, não só ele, mas todos, falavam essas palavras e gargalhavam! Tanto que ficavam “moles” para brincar!
A questão é que isso me incomoda, e notei que várias mães tem esse mesmo desconforto! Principalmente quando o momento é sério, num ambiente que não cabe esse tipo de brincadeira.
Mas afinal, por que meu filho não para de falar cocô, xixi, pum e bumbum?
Para esclarecer essa fase das crianças, nada melhor que uma especialista, por isso a psicóloga Raquel Marques Benazzi explica que: “A maioria das crianças passa pela fase de falar muito de xixi e cocô. Para Freud a segunda fase do desenvolvimento humano é a fase anal, entre os 2 anos e meio até 3 anos e meio. Nessa fase a criança aprende a controlar o esfíncter, tendo mais independência. Os pais que utilizam elogios e recompensas para usar o banheiro no momento oportuno incentivam resultados positivos e ajudam as crianças a se sentir capazes e produtivas. Freud acreditava que experiências positivas durante este estágio servem de base para que as pessoas tornem-se adultos competentes, produtivos e criativos.
Depois dessa fase de adaptação a fase anal a criança fica um tempo sem falar disso, porém aos 5 anos aproximadamente voltam os falatórios sobre os cocôs e xixis, e se os pais ficam horrorizados com isso, aí sim fica mais legal de se falar.
A criança pode voltar a falar dessa fase por estar regredindo por alguma situação conflituosa, como a chegada de um irmão, separação dos pais, morte, problemas na escola, ou simplesmente por querer chamar atenção dos pais, e quando percebe que isso deu certo, com a cara de horror parental, isso reforça o comportamento que deu certo.
O adulto tem muito preconceito e diz: “Não fale isso em público. É feio!” Como a criança quer mesmo chamar a atenção, descobre um meio perfeito. “O que há de mais precioso para a criança é a atenção. Só que para ela, tanto faz se é pelo positivo ou negativo. Quanto mais os adultos se irritam, mais ela vai fazer. Se ninguém der bola, essa fase quase não aparece.” Fica fácil entender porque muitas crianças estendem a fase até os 5 ou 6 anos.
Quando falam com muita freqüência, no entanto, é recomendado que os pais identifiquem os sentimentos que estão por trás disso.
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E o que devemos fazer para minimizar essas atitudes durante essa fase?
A psicóloga explica que: “O melhor a se fazer é explicar, aos poucos e com carinho, que tudo que sai do nosso corpo não foi aproveitado, não é para ser reutilizado. Explique o porque não é legal falar essas coisas em público, mas não reprima a expressão dele.
- Estabeleça um diálogo e pergunte porque gosta tanto de falar disso, e porque acha engraçado;
- De uma escuta ativa e um acolhimento a seu filho nesse momento, e a melhor forma de parar essas falas é não valorizando tanto quanto eles querem;
- Deixe que fale como algo natural, explique mas não dê tanta importância a isso;
- Também é importante que essa orientação seja passada aos outros cuidadores – pai, à babá, aos avôs ou às professoras;
- Se isso permanecer por um tempo procure um auxílio profissionais, pois pode ter sentimentos por trás disso.”
Sabendo que é uma fase e vai passar, tentarei ter aquele papo sério, conforme indicado pela Raquel, e sem dar muita ênfase! Vamos ver como vai se desenrolar a história por aqui! E você me conta como foi por aí…