Vem cá, confessa uma coisa pra mim: você, mamãe, independentemente de morar no Brasil, na Suíça ou na Conchinchina (sim, ela existe!), se sente totalmente segura com o modo como está criando seu filho? Quem aí, como eu, se pega muitas vezes sofrendo por algo que fez ou deixou de fazer para o filho, põe-o-dedo-a-qui, se-não-vai-fe-char…
Eu e meu marido conversamos muito antes de resolvermos engravidar… a mais marcante das conversas se deu durante um passeio, num caminho que acompanha o rio Limmat (que parte do lago de Zurique e segue, por 35 Km, até chegar lááá mais à frente, no rio Reno). Tá, não foi preciso percorrer toda essa distância, mas durante o percurso decidimos que, sim, estava na hora de firmar ainda mais o desejo de constituir uma família e assumir todas as (MUITAS) responsabilidades que essa decisão traria para as nossas vidas…
Rio Limmat
Eu cuidei muito da minha saúde, tomei ácido fólico, segui as orientações médicas, não ingeri bebidas alcoólicas, deixei de comer sushi, queijo Brie, carne mal passada, comidas suspeitas fora de casa, tentei não carregar peso, lavei as roupinhas, fiz Yoga, Pilates, preparação para o parto, respiração de tudo quanto é jeito, conversei com minha barriga, fiz carinho, enviei pensamentos positivos… Li inúmeros relatos de parto, assisti muitos vídeos, me convenci que o parto normal seria o melhor pra mim e pro Vicente, controlei minha ansiedade e a de toda a família durante as 41 semanas e meia até tê-lo em meus braços.
Depois que ele nasceu levei-o religiosamente ao pediatra (gastando todo o meu alemão), dei todas as vacinas, levei-o ao pediatra no Brasil também, pra ter certeza que quando a médica falava um monte de termos “auf Deutsch” queria, realmente, dizer que estava tudo perfeitamente em ordem com o meu pequeno…
Usei sling até a coluna começar a reclamar, entrei em comunidades no facebook que falam sobre parto humanizado, criação com afeto, alimentação saudável, levei-o para passear mesmo no frio do inverno daqui; decorei as músicas do Palavra Cantada e da Galinha Pintadinha e continuo cantando e dançando com ele, lendo historinhas, brincando com paus, pedras e folhas quando o levo ao parque e chamando a atenção dele para o canto dos passarinhos, pros patinhos que nadam no rio (o mesmo Limmat, que passa pertinho de casa), pra que ele ame e valorize a natureza…
Preparei meus seios durante a gravidez, mesmo assim aguentei as dores no início da amamentação, amamentei exclusivamente até os seis meses, mesmo tendo que contrariar avós e tias que achavam que já podia dar um caldinho de feijão aos 4 meses… continuo amamentando até hoje, mesmo depois dos dentinhos que, pra minha sorte, só vieram aos 11 meses… Mas, e por que, mesmo assim, me pego aqui, com uma insegurança nível hard, pensando que tudo isso não é suficiente?
Há alguns dias o Vicente está dando sinais que não quer mais mamar no peito… morde, empurra, não quer saber… E eu me sentindo a última das mães na face da terra, pensando onde foi que eu errei e o que eu fiz de errado pra que ele demonstre tal atitude. Como já citei anteriormente, acho fundamental amamentar até os 6 meses, muito importante até 1 ano e muito legal daí pra frente (a Organização Mundial da Saúde recomenda até os 2 anos de idade)…
Continuarei tentando, por um tempo, mas, caso ele resolva que deu pra ele, que o negócio agora é comidinhas e leite de vaca, faço aqui um pronunciamento: “Não vou me sentir culpada!” (tipo um mantra mesmo)… Creio que fiz minha parte, e tenho ainda tanto pra fazer… Vou pegar esse sentimento estranho e chato, colocá-lo numa caixinha, lá no fundo da gaveta, deixar espaço pra confiança de super-mãe e tratar de dar muito colo e carinho pro meu bebê…
Quando, em alguma faxina próxima, eu me deparar com a tal caixa, eu vejo o que fazer com ela.