Sou míope, descobri aos 13 anos, e não foi a coisa mais agradável desse mundo. Na verdade, não me sentia bonita com eles, preferia usar na sala de aula e só… Mas a necessidade fez o uso tornar-se contínuo, devido ao aumento de grau. Passei pela fase de tirar os óculos ao sair com as amigas, e não reconhecer ninguém na rua e depois das lentes de contato. Meu marido, na época namorado, só meu viu de óculos porque chegou de surpresa em casa, até que após a maternidade me rendi ao uso…
Hoje é raro me ver sem eles. Acho bonito, charmoso e não meu incomoda mais!
Os óculos não voltaram a me preocupar, até que, aos 7 anos, meu primogênito foi diagnosticado míope também. Ele não encarou da melhor forma possível, na verdade tentou me enganar (e a professora também), disfarçava, e não mostrava a necessidade dos óculos.
Levei ao oftalmologista, pegamos a receita e fomos escolher a armação. Ficou lindo, mas mesmo assim não estava contente. Ao colocá-los, assim que ficou pronto, não tirou mais do rosto. Por menor que seja o grau, dá uma diferença enorme para quem precisa.
Hoje ele usa armações com muita personalidade, curte escolhe-las, e não se importa de usá-los.
Com o Daniel foi diferente, já estávamos atentos antes. O oftalmologista já havia falado que a partir dos 2 anos é indicada a consulta, para criança com pais com alguma dificuldade na visão (miopia, hipermetropia ou astigmatismo). Genética fala alto, né? Na verdade, no nosso caso, ela gritou.
Mas, o grau pode aparecer nesse intervalo de tempo, e com o Daniel acabamos descobrindo no início das aulas do primeiro ano do ensino fundamental. Alto, foi parar na última carteira, e não ficou com vergonha para avisar a professora que estava com dificuldades para enxergar a lousa.
Ela me avisou, e logo consegui a consulta. Enfim constatamos, míope também! Diferente do irmão, Daniel encarou de forma tranquila, ou melhor, empolgante. Como era o único sem óculos em casa, ele adorou a notícia.
E partimos com a receita em mãos para escolher a armação. A criança se empolgou, queria quase todas as armações, e pedia para tirar foto para saber qual estava legal.
Ficamos felizes, mas com pé atrás. Até então ele encarava os óculos como um acessório, e não uma necessidade. Pode ser que na cabeça dele, usaria quando estivesse com vontade, e não porque precisa.
Busquei os óculos no sábado, ele foi junto e experimentou. Era só para ajustar, ele usaria em casa. Mas não quis tirar, percebeu que com eles conseguia enxergar mais longe, mais detalhes, se empolgou.
Só tirou por instantes.
Foi para a escola, e adorou conseguir ver a lousa da última carteira. Preocupado, se atentou à caixinha, onde guardaria os óculos para frequentar as aulas de Educação Física.
Então o que digo para os pais:
Levem seus filhos para consultar com oftalmologista, se já tem casos miopia, hipermetropia ou astigmatismo, comece aos 2 anos (foi o que o meu médico indicou), e para os que não tem casos na família, leve a partir dos 4 anos, antes de iniciar o ensino fundamental, que geralmente exige mais da visão, devido as atividades na lousa.
Encare, caso a criança necessite de óculos, de maneira tranquila. Elas não têm um pré conceito quanto a isso, então não fique com dó, não antecipe situações.
Elogie e permita que ela participe do processo da escolha das armações, e mostre personagens e artistas que ela gosta, para sentir-se mais familiarizado com a situação.
As armações estão cada vez mais lindas e leves, e as marcas também estão preocupadas com o conforto e estética.
Então o que digo para amigos e familiares:
Nada de coitadinho! O uso de óculos é uma condição normal, comum, e não precisa ficar com dó não… A criança vai tirar de letra!
Nada de perguntar quantos graus, falar que é muito, comparar com outras crianças ou adultos que usam! Pode até parecer que não estão escutando, mas crianças são espertas e captam o que está acontecendo ao seu redor.
Então o que digo para profissionais e donos de óticas:
Isso já aconteceu quando fui fazer óculos para mim e para os meninos, funcionários de óticas olham o grau e falam, nossa, tudo isso! Com os meninos escutei, mas tão novos…
Juro que fiquei com vontade de responder, se te incomoda tanto, por que trabalha numa ótica? Ou então, se as pessoas não usassem óculos, como você estaria empregado?
As crianças…
As crianças estão sempre surpreendendo… Por incrível que pareça, a sensibilidade vem por parte dos pequenos, Daniel recebe elogios do tipo: “Que maneiro, você usa óculos!”.
Crianças e a sensibilidade, que não percam no processo de crescimento!
Me acompanhe nesse processo, vou contar das dificuldades da adequação aos óculos, quais foram nossas escolhas, e o que está funcionando por aqui.
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