Mãe, mãe, mil vezes mãe!

      Quando eu era pequena minha mãe falava que se ela ganhasse uma moeda (nem vou falar qual moeda era, não era real, eu estou velha) ela estaria rica! Achava engraçado, dava risada… mas percebia pela fisionomia dela que ela não estava achando graça nenhuma.
 
      Aí eu cresci e virei mãe, e Gabriel cresceu, aprendeu a falar e logo nas primeiras palavrinhas a que mais se destacava era MÃE. E mesmo com o desenvolvimento do vocabulário, essa palavrinha de três letras e um acento sempre teve muito, mas muito destaque.
 
      Algumas vezes em que ele chamava, eu ia ver o que queria, e ele nem lembrava o que ia falar, tipo modo automático, vou chamar, só para conferir se ela está esperta.
 
      Ele cresceu, e parece que junto com ele o “Manhê!”, uma variação que também é contabilizada, geralmente na hora do aperto, quando esqueceu de levar a tolha para o banheiro, quando não acha o sapato, ou ainda quando a fome bateu desesperadamente.
 
      O tempo passou, engravidei e nasceu o Daniel, mais elétrico que o irmão, demorou para falar (outras palavras) mas MÃE sempre esteve ali, presente, o orgulho da mamãe…
 
      A palavra se multiplicou, intensificou e a mãe pirou! Eles chamam mãe pra contar o que perguntaram para o pai, falam tanto que quando vão chamar outra pessoa falam MÃE.
 
     Voltei a pensar quando minha mãe falava que ficaria rica, e hoje eu penso que eu deveria ficar milionária.. e me questiono se minha mãe desejou muito que meus filhos falassem tanto ou mais MÃE, do que eu!
 
Mil vezes mãe!
Mãe, mãe, mil vezes mãe!
 
 
     Não sei o que é mais louco: ser chamada a cada meio minuto ou gostar disso. As vozes mais lindas, que acreditam e necessitam de mim. Porque não basta ser mãe, tem que ser chamada 2.880 vezes ao dia, multiplicado por dois filhos… 
 
     Quando escuto alguma mãe reclamando que o bebê falou pai primeiro, penso, não fala isso amiga, ele vai falar 1.000.000 vezes mais mãe!