Baú de Menino

Limites e o poder do não na educação

Educar não é tarefa fácil, na verdade é uma das mais difíceis da maternidade! A questão é que aprendemos nessa caminhada (ou deveríamos aprender) a importância de dar limites e o poder do não na educação, coisa que não vejo acontecer com alguns relatos que vem pipocando pelas redes sociais.

E como tudo que viraliza nas redes sociais vira textão, comigo não seria diferente… Vou expor meu ponto de vista!

A futura geração e os limites

Leio muito que a próxima geração será de pessoas mimadas, egocêntricas… que só enxergam seu umbigo e suas vontades! Mas será que é bem assim?

Vejo algumas mães sem pulso, que por algum motivo acreditam que seus filhos tem o poder de conseguir tudo o que querem, mas também vejo muitas (graças a Deus) mães ensinando que nem tudo é possível, que devemos respeitar o próximo, aplicando limites e dizendo “nãos saudáveis”.

Acho que não é uma questão de geração, na minha já existiam esses pais… convivi com pessoas que se revoltavam por não serem os primeiros em tudo, e que a mãe corria para tentar “resolver” a situação.

Ou então, que a criança não poderia viver sem ter determinado brinquedo… A questão é que a criança realmente vai tentar, vai testar a paciência, e cabe ao adulto impor limites e usar o poder do não!

Já ouvi que a falta de limites é uma forma de suprir ausência da rotina corrida dos pais, de querer dar mais para o filho do que teve na infância, ou ainda que é mais fácil aceitar o que quer do que dizer um “não” e aguentar as birras.

Voltamos ao que foi dito no início do texto, educar não é fácil! Dizer não, quando construtivo, tem um papel fundamental na educação, é sim uma forma de transmitir amor. Frustrar-se é ensinar que a vida nem sempre é o que queremos, e que isso não é o fim do mundo.

O caso e a repercussão nas redes sociais

Selecionei um caso que está dando o que falar na internet para ilustrar algo que pode acontecer com qualquer um, mas que o desenrolar da situação pode ser bem diferente, dependendo da forma de pensar e agir dos pais!

O brinquedo que não era brinquedo

Você já deve ter visto esses prints no WhatsApp, no Facebook ou no Twitter, trata-se de uma criança que estava na casa de terceiros, viu e confundiu Action Figures da coleção de uma das moradoras com brinquedos, e não teve (com razão) autorização para brincar com as figuras de heróis, e a mãe indignada, entrou em contato com a proprietária para reclamar.

Abaixo os prints da conversa (no mínimo acalorada) por WhatsApp que viralizaram, para você tirar suas conclusões…

 

Minha opinião…

1- Se normalmente a criança deve ter limites, quando está na casa de terceiros esses limites deveriam ser redobrados! Os bonecos em questão, estavam no quarto da dona e a criança não teve autorização de entrar. Mesmo sabendo que crianças são curiosas, e que provavelmente entrou no quarto escondida, reivindicar que a criança tem o direito de brincar com algo que ela viu, num lugar que não deveria ter entrado, é praticamente dizer à criança que ela não podia, mas que não tem problema…

Essa é a Action Figure, motivo pela discussão, que a Natália (a dona da coleção) postou… E se você não sabia do que se tratava, agora consegue ter uma ideia.

2- Os artigos em questão são caros e delicados (não precisa ser colecionador para saber que não é algo para brincar), e mesmo que não fosse, o significado para o dono é importante, e é ele quem decide se alguém pode ou não mexer!

Também li outros posts falando sobre esse mesmo caso, frisando que ensinamos às crianças a importância de dividir, não ser egoísta, mas acho que isso é totalmente diferente. Justamente porque a pessoa não estava brincando com o artigo, ele estava guardado!

3- Mesmo que fossem brinquedos, quando as crianças são levadas em lojas de brinquedos, elas podem retirar os mesmos da embalagem, brincar e depois devolver?

4- Foi explicado para a criança que ela não podia brincar, que não era brinquedo, mas é natural e totalmente esperado que ela fique frustrada! O que não é normal é a reação de um adulto perante a frustração do filho…

5- Acho que discutir por WhatsApp pode ser meio complicado, as vezes uma palavra que não ficou bem clara (ou que o bendito corretor substituiu) pode gerar constrangimento e erro na interpretação. #FicaAdica conversas em WhatsApp podem ser “printadas” e viralizar nas redes sociais!

Concluo que…

Não queremos ver os filhos tristes, evitamos ao máximo que isso ocorra, mas não dá para criá-los em bolhas. Na verdade, todas essas situações são ensinamentos, que serão importantes para o futuro!

Dicas para impor limites

Mas se você tem dúvidas se está conseguindo impor limites da maneira correta, a psicóloga do Núcleo Corujas, Raquel Benzzi, esclarece alguns pontos e dá algumas dicas:

“É comum crianças a partir de 1 ano e meio iniciarem as famosas birras/comportamentos invasivos, que podem se intensificar por volta dos 2 anos e meio. Esse comportamento, em partes, fazem parte desenvolvimento psico-afetivo normal do ser humano. Para a criança é uma forma de comunicação e nosso papel é compreender de forma empática o que ela está nos dizendo com tal comportamento.

Vale lembrar que essa criança está em processo de aprendizagem, experimentando o mundo, as relações e as emoções, descobrindo que agora nem todos seus desejos podem ser satisfeitos, numa fase em que ela ainda tem pouca competência emocional para dominar o que sente e a escolher como expressar-se, isso requer um amadurecimento, tanto do ponto de vista biológico como do ponto de vista emocional.

A partir dos dois anos, a criança deixa de ser bebê e conquista maior independência e autonomia, conseguindo realizar mais tarefas sozinha, nomear o que deseja e fazer escolhas. Percebe de que podem ter opiniões e desejos próprios, começando a manifestar sua vontade e a querer tomar decisões. É um período de afirmação, em que lhes interessa o aqui e o agora. Nessa fase, ela ainda tem um funcionamento mais egocêntrico, fazendo exigências sobre seus desejos, o que leva, muitas vezes, a um embate com os pais. Nesse período, os pais devem dar os limites adequados, não permitindo que a criança reine na casa e na vida sem frustrações, pois os limites também oferecem segurança e proteção.  

Por isso, é extremamente necessário que primeiro entenda-se que o comportamento é uma forma de comunicação da criança e que ela deve ser entendida dentro da dinâmica familiar. Como forma de comunicação, pode significar uma gama de ideias, como: que a criança ainda não sabe expressar sua frustração de outra forma /  falta de limites / dificuldade em internalizar regras /  falta de amor e carinho verdadeiro /  estranhamento ao experimentar a falta de controle com o mundo e onipotência / denunciar problemas familiares e do casal / estar enfrentando momentos de conflito familiar, etc. Os pais então devem tentar compreender e perceber o que seria melhor naquele momento, como acolher, impor limites, explicar a situação, e não simplesmente acatar o que a criança apresenta.

Então, sabendo que esses comportamentos são comuns e que toda criança passa por essa fase, como os pais podem ajudar nesse momento?

Encare a imposição de limites não como uma punição para a criança, mas um ensinamento para a vida! Afinal, todos passamos por frustrações, e continuamos firmes e fortes…

FACEBOOK // INSTAGRAM // PINTEREST